17 fevereiro 2009

Perturbados ou perturbantes

Não os encontro perturbados e perturbantes em simultâneo. Há perturbados. Há perturbantes.
Os perturbados, de todos os exemplos que me ocorrem, são sempre um bocadinho totós. E os perturbados-totós não me chegam a perturbar. Penso em perturbados-totó, como Bill Harford (Tom Cruise em «Eyes wide shut») ou em Jeffrey Beaumont (Kyle MacLachlan em «Blue Velvet»). Ambos perturbados mas não perturbantes.
Os perturbantes, por sua vez, não estão na realidade perturbados, estão bem com a sua pele e confiantes na sua missão no mundo. Estes são personagens como Alex (Malcolm McDowell em «A clockwork orange») ou mesmo Bobby Peru (Willem Dafoe em «Wild at heart»). Ambos inabaláveis do mal que fazem...aos outros. Não são perturbados. Não estão perturbados. São perturbantes na raíz. E isto é bem evidente em Alex.
Quando um perturbado passa a perturbante é sempre para um grau longe da razoabilidade e a resvalar para a caricatura, como Jack Torrance (Jack Nicholson em «The shinning»).
Não quero com isto dizer que não aprecie estes perturbados e perturbantes. Gosto até bastante dos segundos, incluindo e versão caricatura. Mas as Perturbadas e perturbantes continuará no feminino: elas não matam mas moem.

Sem comentários:

uma verdadeira bomba literária e moral

A Tragédia da Rua das Flores ou O Desastre da Travessa das Caldas ou Os Amores de um Lindo Moço, O Caso Atroz de Genoveva ou simplesmente Genoveva, é uma obra rascunhada e rudimentar do ponto de vista gramatical, formal e estilístico, que ficou esquecida durante cerca de cem anos e que o autor nunca chegou a corrigir.

Todavia, era, para Eça,

"o melhor e mais interessante que tenho escrito até hoje"

"uma verdadeira bomba literária e moral".