04 novembro 2010

Desta vez o adiantamento que enviou a Archimboldi foi maior que todos os adiantamentos anteriores, a tal ponto que Martha, a secretária, antes de BNenviar o cheque para Colónia, entrou no escritório do Sr. Bubis e mostrando-lhe o cheque perguntou (não uma, mas sim duas vezes) se aquele era o número exacto, ao que o Sr. Bubis respondeu que sim, que era o número exacto, ou inexacto, tanto fazia, um número, pensou quando voltou a ficar sozinho, é sempre aproximado, não existe o número errado, só os nazis é que acreditavam no número exacto e os professores de matemática elementar, só os sectários, os loucos das pirâmides, os cobradores de impostos (Deus acabe com eles), os numerólogos que liam o destino por meia dúzia de cêntimos acreditavam no número exacto. Os cientistas, pelo contrário, sabiam que todo o número é aproximado. Os grandes físicos, os grandes matemáticos, os grandes químicos e os editores sabiam que transitamos sempre pela escuridão.

2666 de Roberto Bolaño
Agora quase me apetecia voltar ao início.

1 comentário:

papoila disse...

Estou atrasada nesta leitura...

uma verdadeira bomba literária e moral

A Tragédia da Rua das Flores ou O Desastre da Travessa das Caldas ou Os Amores de um Lindo Moço, O Caso Atroz de Genoveva ou simplesmente Genoveva, é uma obra rascunhada e rudimentar do ponto de vista gramatical, formal e estilístico, que ficou esquecida durante cerca de cem anos e que o autor nunca chegou a corrigir.

Todavia, era, para Eça,

"o melhor e mais interessante que tenho escrito até hoje"

"uma verdadeira bomba literária e moral".