05 agosto 2008

Auxiliares de crescimento (22)


A minha tia. Este sim um auxiliar de crescimento especial e aglutinador.
Ela é irmã do meu pai mas só tem mais 14 anos que eu. Quando nasci ela era adolescente, tinha namorado e um grupo de amigos (grupo que se mantém até hoje).
Às vezes ia-me buscar ao colégio. Às vezes pintava a aguarela comigo e outras vezes ensinava-me canções.
Foi nas férias que passámos juntas que me ensinou a escrever postais. Nos primeiros apenas o nome (tentando não ocupar tudo) mais tarde, cartas. Avós e outras tias os receberam. E este foi hábito que se me colou anos a fio.
Quando calhava passar uma temporada em casa dos meus avós ela transformava o quarto em qualquer coisa especial para nós duas. Uma das vezes habitámos a redacção da ‘Patada’ e éramos os repórteres especiais Donald e Peninha.
Os primeiros cromos autocolantes que tive foram d’Os Marretas, ela iniciou a colecção e ofereceu-ma.
Li todos os Asterix e Lucky Luke que ela tinha no quarto (em minha casa era mais Blake e Mortimer, Capitão Fantasma ou Flash Gordon – guardei-os para mais tarde).
Brinquei com as bonecas que já estavam guardadas e com uma cozinha provavelmente comprada no Bazar Bebé.
Ela era monitora numa colónia de férias e eu morria de ciúmes dos miúdos que passavam o dia com ela.
Herdei todos os seus livros de quadradinhos. Um caixote cheio de versões brasileiras (as que eu mais gostava).
Herdei os cinco e os sete que lhe sobravam por ter reunido a sua colecção à do namorado.
Herdei as bonecas-de-recortar (com o nome escrito a lápis nas costas).
Tudo o que ela fazia eu tentava imitar: pintar frascos, fazer almofadas, escrever com letra bonita e direitinha. Teve sempre paciência para me ensinar e para me ajudar a fazer as coisas nas quais eu tinha mais dificuldades.
Houve uma fase em que lhe perguntava insistentemente quando se casaria: eu, que não tinha irmãos, queria primos! Demorei quase tanto para ser prima como o meu pai para ter uma irmã: tinha 16 anos quando nasceu a Ana T. e 24 quando nasceu a Ana R. O que me resta dizer é que elas são verdadeiramente sortudas com a mãe que lhes calhou.
( e fica sempre muito para dizer e muito abraços por dar)

1 comentário:

Pezinhos na Areia disse...

No tempo em que eu usava óculos, ou seja, quando era mais nova...ihihih

uma verdadeira bomba literária e moral

A Tragédia da Rua das Flores ou O Desastre da Travessa das Caldas ou Os Amores de um Lindo Moço, O Caso Atroz de Genoveva ou simplesmente Genoveva, é uma obra rascunhada e rudimentar do ponto de vista gramatical, formal e estilístico, que ficou esquecida durante cerca de cem anos e que o autor nunca chegou a corrigir.

Todavia, era, para Eça,

"o melhor e mais interessante que tenho escrito até hoje"

"uma verdadeira bomba literária e moral".